sábado, 4 de junho de 2011

Lady Gaga - Born This Way (resenha faixa a faixa)


Quando se vesti, é roupa feita de carne ou de bonecos de sapo, qualquer coisa que seja excêntrica e capaz de causar supresa nas pessoas. Quando faz música, é diferente. Lady Gaga joga para ganhar, e pela terceira vez ela consegui o resultado desejado.

Ela se tornou parte tão importante do universo pop que nem parece que ouvimos sua voz (ou mais provavelmente, vimos seu rosto) pela primeira vez em 2008 ou 2009. Havia um frescor em uma artista pop que tinha uma pretensão maior com sua música. Ela cantava "Just Dance", mas queria muito mais de você. Ela queria questionar os valores da sociedade contemporânea, o significado da fama e sua atração cada vez mais frequente na era dos reality show, Facebook e Twitter. Ainda no meio do furor que causou, Gaga voltou aos estúdios para trabalhar em algumas novas faixas para o relançamento do seu primeiro disco, The Fame (2008). Com o nome The Fame Monster, o disco chegou às lojas no ano de 2009 e pode ser visto como um segundo álbum de gaga porque trazia nove canções novas.

Durante a divulgação de The Fame Monster, a cantora começou a falar de Born This Way. Ela afirmava que seu terceiro disco já estava pronto e seria diferente dos anteriores. O disco seria mais profundo e amargo, com assuntos mais complexos. Mas ainda um disco dançante.

Depois de meses de divulgação e comentários, finalmente (no dia 23 de maio) Born This Way foi lançado. Achei que deveria primeiro degustar o disco e aceita-lo como ele é antes de emitir uma opinião. Lady gaga falou tanto do disco antes dele ser lançado que cada fã já tinha uma imagem do disco pronta na cabeça antes mesmo de ouvi-lo.

Se você já ouviu os disco anteriores de Gaga já tem uma boa idéia do que vai encontrar em Born This Way. O que não é ruim, mas decepcionante quando Gaga nos fez acreditar que a temática do disco seria muito mais ousada e transgressora.

O disco começa em clima austero com Gaga declarando que irá se casar com a noite e a escuridão, em Marry The Night. Até os sintetizadores entrarem em ação e ela se joga na pista de dança. Mas o melhor momento da faixa é no final da música quando Gaga canta vocalizações com força de uma afirmação.

Depois de Marry The Night, vem a canção que deu o nome ao disco: Born This Way.

Em Government Hooker, submissa e agressiva, ela promete ser qualquer coisa contando que ainda seja a vadia dele. A faixa é perfeita para o set de Dj's. Mesmo porque soa como algo que você pode já ter ouvido.

Judas todo mundo já ouviu porque foi escolhida com segundo single.

Ficando mais sério, mas não menos dançante e divertido, uma levada de flamengo (palmas, arranjos de metais e tudo mais) surge em Americano. A faixa traz vários versos cantados em espanhol e, sem obviedade, discute a relação (conflituosa) de muitos americanos com os latinos. Não será música de trabalho, mas deveria ser. É a única faixa realmente surpreendente e atrevida do disco.

A infância da Stefani Germanotta é menciona em vários momento do disco, como em Born This Way e Hair. Como em várias (todas?) faixas do cd, Hair tem vários ganchos e mudanças de mixagem, tudo para te conquistar. Ela canta que é tão livre quanto seu cabelo – que, na infância, sua mãe cortava enquanto ela dormia - e que ele é toda glória que ela carrega.

O aviso no início de Scheiße diz "I don’t speak German, But I can if you’d like (Eu não falo alemão, mas posso se você quiser). E é isso que ela faz. Mas não se assuste, a faixa é cantada em sua maior parte em inglês. Com cama sonora mais pesada (como em Judas e Government Hooker), tem seu momento Madonna quando antes do refrão diz "When I'm on a mission/I rebuke my condition/If you're a strong female/You don't need permission" (Quando estou em uma missão /Eu repreendo minha condição/Se você é uma mulher forte/Você não precisa de permissão). E o refrão é bem dance music da década de 80. Uma das faixas de destaque do disco.

Continua navegando nos mares dos anos 80, Bloody Mary é a canção de fim de relacionamento (talvez com o mesmo homem que inspirou Judas? As primeiras frases da músicas são: "Love is just a history that they may prove/And when you're gone I'll tell them my religion's you": O amor é apenas uma história que eles talvez possam provar/E quando você estiver longe eu vou dizer-lhes que a minha religião é você). Tango na abertura, mas como sempre, as batidas eletrônicas aparecem e o resultado é uma baladinha macia e envolvente.

Muitas vezes as crianças são tão questionadas e moldadas que isso destrói toda a auto-estima delas. Se elas não portam e pensam como é mandado, são consideras crianças ruins. Bad Kids é mais uma música em que Gaga traz a infância como mote principal. Para crianças que não se gostam ("I’m a bitch, I’m a loser baby maybe I should quit") ou que se culpam pelo fim do casamento dos pais ("My parents tried until they got divorced ‘cuz I ruined their lives"), Gaga deixa uma recado: "Don’t be insecure if your heart is pure/You’re still good to me if you’re a bad kid baby" (Não seja inseguro se seu coração é puro/Você ainda é bom para mim se você é uma criança ruim) - talvez até pensando no que ela mesmo queria ter ouvido quando vivenciou esses momentos na infância e adolescência. Guitarras tocando riffs, baixo eletrônico pesado e bem alto, beat simples e marcado seco.

O clima sci-fi do clipe de Born This Way se encaixaria bem em Highway Unicorn (Road To Love). Pôneis, arco Iris e unicórnios (que se seguidos levam até a rodovia para o amor) habitam um universo diferente, mas sedutor, principalmente pela produção inspirada (tem até uma bateria real, não só as batidas eletrônicas).

Paparazzi foi escrita para uma antigo namorada de Gaga que era (e deve continuar sendo) um baterista de uma banda de rock heavy metal. Então não precisa ser uma super gênio para adivinhar de quem ela está falando em Heavy Metal Lover. O nome traz a idéia de uma faixa mais agressiva, mas a faixa é até leve para dançar quase flutuando.

A guitarra roqueira que não está em Heavy Metal Lover está em Electric Chapel. A parede de sintetizadores também está marcando presença na canção mais sexy do disco. Se o cara não aceitou o convite de encontrá-la na capela elétrica, ele é um louco. Tem até solo de guitarra!

Olha o roqueiro de Heavy Metal Lover de volta (acho...kkk)! You And I foi a primeira música do Born This Way ouvida pelos fãs porque foi tocada em muitos shows da Monster Ball (nome da turnê de gaga). O motivo de tocar a faixa do disco não lançada foi a musica ser uma balada rock com influência de blues, então ela não seria escolhida pela gravadora como música de trabalho. O que é verdade, mas um grande erro. Seria interessante mostrar um lado diferente da artista. Na versão do disco, o piano ficou meio escondido, foram adicionados sintetizadores, guitarras, palmas e bateria. Ficou um country eletrônico roqueiro. Estranhei muito no início (até porque adoro a versão ao vivo), mas hoje é uma das faixas que mais gosto (a que mais ouvi, com certeza). A letra disseca o complicado relacionamento de um casal que viveu um romance intenso e ainda não esquecido ("It’s been a long time since I came around/Been a long time but I’m back in town/This time I’m not leaving without you", ou seja, "Já tem um longo tempo desde que eu vim por aqui/Faz um bom tempo, mas estou de volta à cidade/Desta vez eu não vou embora sem você".

Para terminar o disco, The Edge Of Glory. Bem escolhida com música de trabalho após Judas não ter recebido a atenção esperada, The Edge Of Glory é catártica, tem solo de sax do Clarence Clemons da The E Street Band e é sobre “o seu último momento na Terra, o momento da verdade, o momento antes de deixar a Terra”, nas palavras da cantora.

Conclusão? O disco tem vários hits em potencial, boas canções, a produção não se aventura muito, mas é bem feita. Mas ela continua compondo sobre relações de amor na maior parte do disco. Canções sobre opressão, liberdade sexual, feminismo e preconceito estão presentes, mas devido às expectativas levantadas pela cantora, eu espera mais. Mas como disco, funciona muito bem.

Nota: 8,0

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