sábado, 20 de junho de 2009

Caos Sonoro - parte 5 (Televisão e considerações finais)


A MTV em vez de dar mais espaço pra música brasileira preferiu a atitude preguiçosa de não mais passar clipes (o “M” não era de música? E agora?). O diferencial da Mtv pro You Tube (um dos culpados por essa decisão da Mtv) é que no You Tube você procurar o que quer ver. Na tv, você é apresentado as bandas. Isso poderia ser usado para incentivar o consumo da música brasileira que está sendo feito agora. O sucesso do You tube prova com as pessoas estão famintas por música.

No programa Som Brasil, da Globo, quatro artistas se apresentam seguindo um tema(um compositor diferente por programa). Nele já passaram Chico Pinheiro, Móvies Coloniais de Acaju, Mariana Aydar, Vanguard, Chicas, Orquestra Imperial, Maria Rita, Cordel de Fogo Encantado. O programa com um cenário estiloso e apresentado pela Patrícia Pillar, é exibido entre 1h30 e 2 da madrugada. Música de qualidade exibida para poucas pessoas. Enquanto isso, o Latino é quem vai para o Faustão ser visto por milhões de pessoas. Pode-se reclamar que as pessoas só gostem do que é simples e bobo se outro tipo de música não chega aos seus ouvidos? Alguém viu a Maria Bethânia cantando as músicas dos seus 2 novos cds (Pirata e Mar de Sophia) na tv? Ouviu no rádio (que só toca as músicas que as gravadoras querem - o famoso “jabá”)?

Claro que muita gente da indústria fonográfica perdeu emprego e isso não é justo (mas vale lembrar que muitas pessoas também foram empregadas por selos independentes e estúdio de gravação que surgiram), mas se o mercado muda você tem de se adaptar a ele, em vez de lutar contra o inevitável. As novas formas de vender música são válidas, mesmo com as já citadas restrições, porque demonstram que algo está sendo feito. Melhor do que ficar apenas reclamando ou colocando sistema anti-cópia nos cd’s (que sempre é quebrado em menos de uma semana por profissionais, ou seja, não evita a pirataria; só impede as pessoas que pagaram pelo cd de ouvi-ló em seus mp3 players). Mas muita coisa precisa mudar. Sozinha, a indústria fonográfica terá ainda muito mais trabalho para conseguir voltar a ter certo controle. As outras mídias precisam cooperar, fazer sua parte. O caos está presente. Toda ajuda é bem vinda.

ps:Ah! E sabe o que aconteceu depois que o Trent Reznor falou mal da gravadora que lança seus discos na Austrália? Ele contou durante um show no país que depois daquilo a gravadora passou a odiá-lo. Ele perguntou se os preços dos cd’s tinha diminuído e quando o responderam “não”, ele disse: "Agora a minha gravadora me odeia por ter dito que eles são uns ladrões gananciosos. Os preços não baixaram? Bem, vocês sabem o que isso significa: Roubem, roubem e roubem um pouco mais, dê para seus amigos e continue roubando", desabafou o líder do grupo.

ps 2: A banda inglesa Radiohead aproveitou a fato de estar sem gravadora e decidiu tentar algo novo. Em vez de se associar a algum gravadora ou distribuidora, eles colocaram o novo cd (In Rainbows) a venda em 2 formatos: mp3 (com 10 faixas) ou um Box com cd's (um com as 10 músicas que são vendidas separadamente e outro com 7 músicas inéditas), vinis e mais outras coisas. O revolucionário foi a decisão de não determinar o preço que deveria ser pago pelas mp3 (o box é vendido por 40 libras). A pessoa que for comprar é que decide quanto quer pagar! Inclusive, pode decidir não pagar nada (ou melhor, zero libra). O guitarrista da banda, Jonny Greenwood, explicou que essa atitude não tinha intenção de atacar a indústria fonográfica, apenas refletiu a vontade de lançar logo o disco (que vinha sendo trabalhado, entre idas e vindas, desde o final de 2005). Mas claro que eles esperavam fazer as pessoas refletir sobre o donwload ilegal de música. “Achei que era algo interessante pedir que as pessoas comparassem a música com todas as outras coisas a que dão valor na vida”, explicou. O mais impactante nisso tudo é que duas questões importantes foram levantadas: o grupo deixa a idéia de que não quer cobrar um preço que cd não valha (um dos mais citados motivos por quem não compra cd - os preços exagerados), e mais importante ainda é o questionamento "Nós trabalhamos por quase dois anos nesse disco. Agora você diga quanto vale a nossa arte. Se acha que não vale nada, pague isso”. Essa atitude é de fazer até quem já baixa música ilegal a muito tempo, parar para pensar sobre o assunto. A Billboard divulgou que pagaram, em média, 5 libras (em torno de R$ 18 reais) pelo In Rainbows (dinheiro que foi todo pra banda, já que eles não estão ligados a nenhuma gravadora). Ironicamente, no primeiro dia, o Box foi mais vendido que o disco em mp3.

obs: novamente, a matéria foi escrita em 2007. A postura da Mtv já foi modificado (ela já voltou a exibir clipes) e hoje há uma maior presença de música brasileira no canal.

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