quinta-feira, 18 de junho de 2009

Caos Sonoro - parte 1



Em 2007, um amigo tinha decidido criar um site e me pediu para escrever algo sobre o mercado fonográfico brasileiro e mundial e todas as mudanças que se instalaram. O site não foi feito, mas a matéria, sim. Então vou postar aqui minhas impressões sobre o assunto e no fim vou complementar com algumas atualizações necessárias em razão de mudanças que ocorreram.


O caminho geralmente é o mesmo: o produto começa a vender mais, a produção em massa possibilita a queda no preço (pois reduz os custos de fabricação) e isso se transformar em mais um motivo que ajuda a popularização do produto. Foi assim com os carros, rádios, televisores, computadores pessoais... mas não com os cd’s no Brasil. Quando lançados no Brasil, custavam em média R$15,00-R$ 20,00 reais. Hoje a média é R$ 30,00-R$ 40,00 reais. Ou seja, os preços médios praticamente dobraram. Isso aconteceu porque aumentar os preços foi por muito tempo a única ação das gravadoras pra enfrentar a pirataria e os downloads ilegais. Com essa atitude de fazer quem é honesto pagar mais para contrabalancear o fato de que as vendas caiam, cada vez mais pessoas param de comprar cds de forma legal. Não que esse tipo de pensamento seja exclusivo do Brasil, o Trent Teznor (vocalista do Nine Inch Nails) fez críticas públicas sobre o preço do Year Zero (novo cd do NIN) na Austrália. Ele estranhou a diferença significativa do preço do cd do NIN em comparação ao “The Best Damn Thing” da Avril Lavigne (que tinha sido lançado na mesma época do Year Zero). Ele escreveu no site do NIN: "Year Zero [o último álbum da banda, recém lançado] está sendo vendido por 30 dólares na Austrália. Faz sentido as pessoas roubarem música. O disco da Avril Lavigne na mesma loja custava 18 dólares. Quando eu perguntei à gravadora o motivo, eles disseram: 'É porque sabemos que você tem um público fiel que vai pagar o preço que for pelo que você lançar. Você sabe fãs de verdade'. Então, acho que a recompensa por ser um 'fã de verdade' é você ser lesado”. O caso brasileiro é bem mais complicado já que não houve apenas um aumento em um cd,mas sim,a quase duplicação dos preços dos cd’s, em geral.

As majors (as grandes gravadoras) em vez de tentar trazer de volta as pessoas que pararam de comprar, puniram as que ainda faziam. Em vez de seduzir, só criticavam as pessoas que tinha acesso às músicas de forma não legais. Nunca houve um mea culpa ou uma transformação de forma ativa. Algo prescisa ser feito. A banda Calipso (um dos maiores nomes da música brasileira no momento - mas nem de longe uma das melhores), por exemplo, prefere lançar seus produtos de forma independente. Por não serem ligados a nenhuma gravadora, podem oferecer seus cd’s e dvd’s a preços mais justos. Isso com certeza é um dos fatores que ajudaram a banda a se transformar em uma das que mais vende em todo país. Isso prova que quando se oferece um produto com preço justo, as compras acontecem. Muitos lançamentos alem de caros, não investem no encarte. O cd Volta da Bjork, que lá fora tem um encarte onde a letra de cada música ocupam um página inteira, foi lançando na América Latina numa versão onde o encarte é apenas em retângulo dobrado ao meio, tendo apenas a capa, a contracapa e todas as letras e ficha técnicas espremidas em 4 páginas. O Fisherman’s Woman da Emiliana Torrini também recebeu esse tratamento, mas foi ainda pior porque todas as letras foram retiradas do encarte.




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