domingo, 13 de março de 2011

Bruna Surfistinha - Filme (resenha)


Raquel Pacheco viveu uma clássica e triste história. A adolescente deslocada em seu universo, não compreendida em casa ou na escola, decide mudar tudo. Pega algumas poucas coisas, escreve um bilhete e abandona a casa de sua adotiva família. E vira uma prostituta. Se sujeita a situações diversas, sobe na vida. Nesse ponto sua história se afasta das garotas de programa comuns e se aproxima ao que foi uma febre mundial: prostitutas que postavam em blogs seu cotidiano.

Depois, ela se aposentou, escreveu dois livros com o jornalista Jorge Tarquini (O Doce Veneno do Escorpião — O Diário de uma Garota de Programa, O que Aprendi com Bruna Surfistinha) e um sozinha (Na cama com Bruna Surfistinha). Finalmente, nesse ano sua história veio parar nos cinemas em um filme de Marcus Baldini, argumento de Karim Aïnouz (O Céu de Suely, a série Alice da HBO) e Antonia Pellegrino, e Deborah Secco no papel principal.

Conhecida por seus trabalhos em novelas globais, Secco convence até nas cenas onde interpreta Raquel ainda adolescente. Nessa fase, ela está deselegante, amarga e muito angustiada com todas as relações e expectativas da sua vida. Em seu melhor trabalho, Deborah se entrega verdadeiramente ao papel, até se despindo de sua beleza e charme.

Larissa (Drica Morais) é a cafetina responsável pelo primeiro trabalho de Bruna. Nesse local, ela conhece outras garotas que também estão vivendo da prostituição. Elas são amargas, tristes, rancorosas, decadentes. Foram, por motivos diversos, arrastadas para uma vida que odeiam. E a qual Bruna tem que se adaptar.

Seu primeiro programa é com Huldson (Cássio Gabus Mendes), seu primeiro e mais fiel cliente. Mostrando a dualidade da relação, a cena onde ele primeiro a acalmar e depois faz sexo vorazmente, deixa claro que nada será muito fácil. Em determinado momento, Secco foca e mantém seu olhar perdido no horizonte em direção da câmera. Tantos são os sentimentos e sensações sentidas que fica difícil descrever.

A criação do blog como forma de divulgação de seu trabalho foi um sucesso incontestável. Junto com ele, veio a descoberta que muitos homens queriam desabafar sobre sua vida, não apenas o sexo. Na presença de uma prostituta, eles sentiam que podiam falar sobre tudo porque ela não teria como julgá-los trabalhando na área que trabalham. Bruna também começou a fazer uma cotação dos clientes. Eles ficavam felizes em ver a nota que ela publicava deles no seu blog – o que pode parecer estranho, mas pensando bem, numa época onde todo mundo quer falar detalhes pessoais de sua vida várias vezes por dia no Twitter...

As coisas começam a desandar quando o vício em cocaína se torna mais forte que a própria Bruna. Isso leva a perda de clientes, afastamento de amigos e outros problemas. O álcool e as drogas foram o grande problema na vida da garota, não a prostituição. Mas é óbvio, que eles chegaram até ela através dessa vida, então estão mais do que conectados.

O filme já teve mais de um milhão de espectadores. Isso era imaginado pelo sucesso dos livros, mas, se visto a distancia, é estranho porque traz uma história sexy em alguns momentos, mas acima de tudo, muito triste. A verdadeira Bruna faz uma participação no filme. Hoje está casada com João Correa de Moraes, que conheceu fazendo programa.

Nota: 8,0

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