quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ivete Sangalo domina o palco do Madison Square Garden (resenha do dvd e cd)



Em uma escolha ousada, a bahiana de Juazeiro (cidade onde estou escrevendo esse post – férias nas casas dos meus pais...), Ivete Sangalo, decidiu gravar seu novo cd no icônico Madison Square Garden (EUA). Afinal, se a idéia é ficar sempre mais grandioso, ela tinha que sair do Brasil porque maior que o Maracanã, não há.

O DVD foi dirigido com eficácia e talento. No palco, a banda, dançarinos e um telão. Nele, várias animações foram exibidas, ajudando a criar o clima correto para cada canção. O figurino bonito e cênico era, claro, excêntrico, mas dessa vez menos próximo da estética kitsch- coisa comum entre cantoras pop.

Ivete tocou piano no cover de Easy (Lionel Rich) e percussão Para falar de você. Tantos shows e micaretas tornaram seu canto ainda mais eficiente. Afinação exemplar, ainda mais por ela acompanhar as coreografias, dançar livre, pular, correr e tudo mais que faz no palco. O timbre grave permite que ela use notas altas ser que essas soam estridentes.

Vai levar algum tempo até a onda de revisar Michael Jackson regredir. Enquanto isso, Ivete gravou a emocionante Human Nature, originalmente lançado no disco Thriller. Ótima escolha, já que é uma forma de se comunicar e afagar o público americano, além da música ter sido, sim, um sucesso do Michael, mas não ser uma daqueles que ninguém agüenta mais ouvir uma nova versão. Uma dos melhores momentos do show.

Assistir Ivete tão linda, feliz e sentido-se em casa no lotado Madison Square Garden (os ingressos esgotaram quatro meses antes do show) é ufanista e irresistível. Tantas cantoras americanas afirmam usar playback porque dançam muito nos shows, mas nossa brasileira faz mais que isso. E ainda com um sorriso verdadeiro no rosto!

A fragilidade do DVD reside nas inéditas. Muitas não têm real força, nem potencial para ser sucesso – o que pode não ser verdade, visto que muitas canções fracas se transformam em sucesso. “Deixo” e “Não Precisa Mudar”, que ela gravou no show do Maracanã, mostraram uma guinada da cantora em direção a músicas que conseguiam ser pop fácil de ouvir e gostar, mas que tinham qualidades reais. Infelizmente, ela deu um passo para trás na escolha de inéditas para esse projeto

Entretanto existem três canções que merecem uma maior atenção. Dar-te é o “me encontre na metade do caminho” da musicalidade da Ivete com o Juanes. Por isso o dueto da brasileira com o colombiano funciona tão bem. Com acento latino, usar clichês, mas não se prende a eles. A introdução circense é charmosa.

A parceria com a Nelly Furtado, Where It Begins, tem um refrão que desce fácil e deixa gosto de quero mais, mesmo a letra de pseudo-auto ajuda nos versos ser boba.

A forma como Meu Segredo foi produzida me fez pensar na Marisa Monte, especificamente no ao vivo da turnê de Memórias, Crônicas e Declarações de Amor. Já a letra, tem gosto de McDonalds. Mas ainda assim, convence.

Como em toda gravação de DVD, houve algumas participações especiais. E ponto para Ivete. Nada de convidar vários artistas americanos com os quais ela não tem contato ou ligação musical. O caso aqui é uma festa latino-americana. Como já escrevi, o colombiano Juanes cantou belamente a trilíngue (português, espanhol e inglês) Dar-te, mas parecia tímido. Visualmente, não demonstrou a energia do seu vocal.

O argentino Diego Torres está no dueto português-espanhol de Ahora Ya Sé (Agora EU Já Sei). A fraca canção, lançada no DVD Pode Entrar - Multishow Registro, surpreende nessa versão ao vivo por sua inesperada força (graças a banda) e frescor (por causa do Diego). O hermano ainda demonstrava a mesma felicidade e naturalidade da bahiana. Eles cantaram fazendo contato visual e se divertindo muito.

Juanes, Ivete e Diego Torres

A canadense, e descendente de portugueses, Nelly Furtado cantou Where It Begins, uma das três músicas que escreveu com Ivete. Apesar dos defeitos, é uma boa canção. O arranjo ficou muito gostoso de ouvir e me deu saudades da Nelly nos seus primeiros discos – cheia de frescor, difícil de classificar em apenas um gênero e multicultural. Tomara que as outras duas músicas que elas escreveram juntas apareçam em algum disco da Ivete ou, quem sabe, no próximo de inéditas da Nelly (Lifestyle).

De óculos escuros, Seu Jorge cantou Pensando Em Nós Dois. A música é uma inédita do repertorio da Ivete, mas bem poderia ter sido escrita pelo Jorge.

Mas duas participações foram canceladas. O britânico James Morrison iria participar do show, mas devido ao falecimento de um familiar, ele não pode participar do show. A dupla Wisin & Yandel cancelou devido a problemas para deixar Porto Rico por causa do furação.

O momento Banda Eva revival é pura emoção. Nele, Ivete não consegue cantar e segurar as lágrimas. Facilmente entende-se o que ela está sentindo. Toda a história de lutas, as conquistas, o caminho percorrido que a levou até aquele momento.

As versões eletrônicas de Festa e Sorte Grande beiram ao amadorismo. Difícil entender como eles acabaram no show. Mas o final Mary Poppins (Ivete sendo alçada aos céus por meio de várias balões) finaliza bem o show.

Notas:

DVD-9,0

Cd-7,0

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