

No filme de Rodrigo Cortés, Ryan Reynolds interpreta Paul Conroy, um americano que trabalha dirigindo caminhões no Iraque. Em uma emboscada, muitos dos seus amigos foram mortos e ele foi enterrado vivo. Mas essas informações só sabem durante o filme. Ele se inicia quando Paul retoma a consciência, já dentro do caixão – onde TODA a história se desenvolverá. Por isso, os segundo iniciais do filmes acontecem em um completo breu, até que o personagem consegue encontrar um isqueiro. Além do isqueiro, ele só tem poucas coisas nos bolsos. Mas uma delas é um celular. Será através dele que Paul tentará conseguir ajuda. O homem que o colocou ali quer cinco milhões de dólares para tirá-lo de lá, e Paul terá que conseguir isso ou ajuda pelo telefone. Mas a bateria do celular está pela metade. E o isqueiro consome o limitado oxigênio dentro do caixão. Já sentiu o clima, né?
O astro canadense Ryan Reynolds é famoso por suas participações em comédias (A Proposta) e filmes de ação (X-Men Origins: Wolverine), e também por ter namorado por muitos anos a cantora (também canadense) Alanis Morrissette e ter sido casado com Scarlett Johansson até poucos meses atrás. É considerado um ator carismático, mas que ainda não tinha uma grande atuação na sua filmografia. Isso já não é mais verdade. O filme funciona porque o Ryan se entregou por completo e sem meios termos. Sua atuação é visceral em cada e todas as cenas. E, em um filme onde ninguém mais é visto (só ouvido pelo telefone), isso era fundamental para o sucesso do projeto. Enterrado Vivo pode ser um divisor de águas para o ator que, agora, será lembrado e convidado para projetos mais ousados.
Rodrigo Cortés filmou usando sete diferentes tipos de caixão para permitir mais movimentação de câmera. O diretor mexicano é tão talentoso que consegui fugir dos mais prováveis problemas que rondavam a produção desse filme, como a repetição de ângulos e ser um filme de ritmo lento. Angustiante, mas sempre prazeroso de assistir, o filme usa de forma racional e criativa a fotografia, sonoplastia e montagem, em conjunto com a atuação de Reynolds e a direção de Cortés, e o resultado é um filme intenso, emocionante, político (Paul foi colocado nessa situação por um iraquiano que teve sua vida devastada pela chegada dos EUA ao país – as cenas das conversões dos dois são esclarecedoras) e surpreendente pelo resultado muito positivo conseguido com um material que poderia ter sido facilmente levado ao cinema de forma nada eficiente.
O diretor (Cortés) com seu astro (Reynolds)
Em 127 Horas, filme de Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário?, Trainspotting) baseado em uma história real, James Franco é Aron Ralston, um jovem americano que, durante uma escalada solitária, escorrega e fica preso num cânion pelo braço direito que foi esmagado por uma rocha que rolou durante sua queda. O nome do filme é a duração do ocorrido até que Aron conseguiu se livrar da rocha, através de auto-amputação de seu braço feita com um canivete sem corte. Obviamente, essa é uma cena muito forte, mas existente outras quase tão angustiantes quanto.
Diferente de Enterrado Vivo, o filme mostra um pouco da vida de Aron antes do acontecido e muitas outras informações surgem como lembranças ou delírios do personagem, que ficou preso por cinco dias com um mínimo de água e alimentação.
James Franco e o verdadeiro Aron Ralston
A edição é acelerada, a trilha sonora é energética e a captação das imagens muitas vezes é feita com a câmera na mão, obtendo um resultado mais dinâmico. E mesmo já sabendo que o Aron sobreviveu, a cena dele conseguindo sair do cânion e encontrando ajuda é de fazer lágrimas rolarem.
Se Ryan Reynolds não era uma escolha óbvia para Enterrado Vivo, James Franco está em seu universo. Ele tem filmes como Milk – A Voz da Igualdade e O Uivo em seu curicullum, misturado com participações em blockbuster Homem Aranha (onde interpretou Harry Osborn) e até novela americana (General Hospital). Em comum, o talento presente nos diferentes tipos de interpretação requisitados nesses trabalhos.
A trilha sonora foi composta pelo A. R. Rahman, o indiano também responsável pelo anterior filme de Boyle (Quem Quer Ser Milionário?). If I Rise, canção tema do filme, tem o A. R. Raham como compositor da música e a cantora Dido com seu parceiro musical (e irmão) Rollo Armstrong como letristas. If I Rise foi indicada para o Oscar de Melhor Canção Original, mas Dido não poderá cantar e será substituída pela Florence Welch, do Florence + The Machine.
127 Horas recebeu seis indicações do Oscar 2011 (Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Canção Original e Melhor Edição) e seu astro será o apresentador da festa, em parceria com a atriz Anne Hathaway.
A Globo exibirá o Oscar depois do Big Brother Brasil - o que geralmente faz com que as partes inciais do festa não sejam exibidas... tem que ter paciência...fazer o quê?
Notas:
Enterrado Vivo: 8,5
127 Horas: 8,0