segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Roberta Sa e Trio Madeira Brasil - Quando O Canto É Reza (resenha)

Com seu debut, Braseiro (2005), Roberta Sá chegou e logo foi (e)levada a um o posto de uma das melhores cantoras desse país tão bem servido de cantoras. Com um repertório que restava algumas músicas já gravadas (Cicatrizes, Eu Sambo Mesmo, A vizinha do Lado), canções de novos compositores (Casa Pré Fabricada, Lavoura, Ah, se eu vou!) e uma inédita do Pedro Luis (Braseiro). De lá para cá, Roberta lançou se segundo trabalho, Que Belo Estranho Dia Para se Ter Alegria , e casou com o Pedro Luís. Esse segundo disco ratificou o canto emocional e de beleza grandeza técnica unido a escolha de um repertório de excelente bom gosto. Dessa vez, o disco vinha com muitas inéditas de compositores de sua geração, como Edu Krieger (Novo Amor – que também foi gravada pela Maria Rita no Samba Meu), Moreno Veloso e Quito Ribeiro (Mais Alguém), e Pedro Luís com Carlos Rennó (Fogo e Gasolina, em dueto com Lenine). Ano passado ela lançou o Pra Se Ter Alegria, Cd/Dvd ao Vivo da turnê do segundo disco.

E 2010 foi o ano de cumprir a promessa de gravar um disco só com canções do Roque Ferreira, compositor do recôncavo baiano, já gravado pela Roberta no segundo disco (Laranjeira). Roque já foi gravado por Clara Nunes, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Elton Medeiros. Mas Sá não está Sá. Ela vem com a escuderia do Trio Madeira Brasil. Quando o Canto É Reza é um disco de samba, mas um samba mais próximo do choro do que da batucada. Tem aquele clima malemolente, sem grandes arroubos. A sonoridade acústica é realçada pela mixagem e equalização de timbres bem definidos e limpos. Pela sonoridade e temática das músicas, este disco até poderia ter sido gravado pela Maria Bethânia. No entanto, apesar de ser um grande fã ardoroso do canto de Bethânia, as canções se fortalecem mais pela doçura da Roberta. É um álbum leve, Bahiano, interiorano.

Os elementos da cultura bahiana estão evidentes em todo o cd. Suas figuras míticas (Mandigo), o encanto de suas mulheres simples (Chita Fina), a harmônia dos brancos com a cultura negra (Oxirá de Frente), a religiosidade (Água Doce).

Canção sobre trabalhador de rua, Cocada remete à Menino das Laranjas(do Geraldo Vandrão e Thão de Barros), sem o tão opressor da ultima (porque nela o trabalhador é uma criança explorada pelos pais. Ou pela miséria). A Roberta foi convidada da Mariana Aydar em um show e cantou Menino das Laranjas com ela (veja AQUI).

Parece que não tem como errar ao escrever samba sobre brigas conjugais. Casal Sem Vergonha (ouça a versão da Sandra de Sá com o Arlindo Cruz) e Inconstante (Casuarina) são sobre isso. E Roque nos deu mais uma irresistível (Tô Fora), na qual Roberta canta com o Moyseis Marques.

O disco é muito bom, a banda e o repertório também. Ou seja, tem o padrão Roberta Sá de qualidade. Estará por um bom tempo em meus ouvidos!

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